15 de novembro de 2008

"estado crônico: famílias quebradas"

Às vezes, as pessoas não entendem como se processam as questões familiares por aqui. O que vejo? Uma geração inteira “quebrada por dentro”, oriunda de famílias esfaceladas e que vez ou outra sentem um aperto tão grande no peito que parece que ele vai implodir e voltar ao pó.

Somos os filhos indesejados que, devido à revolução sexual, ficaram sabendo que não deviam ter vindo ao mundo. Somos tolos fracos por dentro porque não pudemos nos alicerçar no decorrer dos anos da mais tenra idade, devido às responsabilidades que assumimos, às vezes cedo demais. Rimbaud já falava: “não se pode ser sério aos dezessete anos”. Alguns de nós, aos dezessete já eram pais de família, donas do lar de uma forma distorcida, sem filhos ou casas.

Hoje, depois de algum tempo tentando colar os cacos do que restou ou empurrando-os para debaixo do tapete, venho percebendo que para superar isso tudo, uma hora precisamos enfrentar o que quer que seja. Não importam os olhos úmidos, o nó na garganta, a voz embaçada ou a dormência das mãos. O que importa é ainda sentir que se está vivo, que não importa para onde a estrada nos levará (independente da cor que brilha nos semáforos), o que importa é viver, sabendo que vasos remendados podem não ser lá muito bonitos, mas ainda servem ao seu propósito.

Ache o seu propósito e estará vivendo, afinal, todos nós temos algo que ainda nos emociona e que nos desamarra desse mundo vil e solitário. Tentem... só peço isso: tentem!


Da série "estado crônico"

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