7 de setembro de 2008

"entre o que se foi e o porvir"

Cada marca que o corpo trazia tinha uma correspondente, incrivelmente maior na alma dela. Quando ela sangrava, ela o fazia com a alma, gigantesca e pequenina, repleta de aflições e lições, medos e decepções. Era duro para ela acreditar que poderia controlar o próprio mundo, e foi justamente ele que lhe pregou uma peça. Talvez a maior de sua vida.

Era um daqueles momentos divisores de águas. O que havia antes seria tão diferente do que parecia vir depois. Mesmo esse depois, ainda era uma incógnita tão grande que tirava o sono dela. Para dormir, pílulas, mas como fazer com essa restrição? Como fazer então sem elas? Suas companheiras noturnas haviam abandonado-a e, com seus olhos vermelhos e úmidos, ela pensava a respeito de sua vida, na verdade, de suas vidas.

No fim das contas, como que um momento epifânico, ela entendeu o novo e o aceitou. No escuro do seu quarto, com o dia já raiando, ela entendeu que para além daquela porta fechada, havia pessoas que lhe apoiariam e que só assim, sua vida poderia seguir, com os acidentes a frente, mas com a total certeza de que, definitivamente, ela não poderia mais estar sozinha.

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