30 de setembro de 2008

"estado crônico: rádio imaginária"

Noite complicada! O sono que me assolava desistiu. Talvez por eu tê-lo ignorado enquanto ele insistia em dialogar comigo. Ele desistiu, pulou da janela, mais um suicídio para os anais, só um registro, nada mais.

Então fiquei aqui, só eu e uma porção de músicas que me vinham à mente, como se eu estivesse c
ompondo a lista perfeita (para mim, para aquele momento) de um programa de rádio noturno. Algumas músicas agradáveis, daquelas que fazem fugir um sorriso tolo pelos lábios, enquanto se fecha os olhos e se respira fundo; outras mais densas, que tocam em feridas aberta, que abrem cicatrizes para nos mostrar que ainda somos humanos, que sangramos, que morremos um pouco toda dia, desde nosso nascimento. Uma lista perfeita que fiz questão de esquecer. A perfeição da lista de músicas desse programa de rádio imaginário está na memória das sensações que cada canção me trouxe e não na própria lista em si, por isso fiz questão de esquecer a lista por completa e deixar que minha parca memória regozijasse com refrões das canções que insistissem em perambular por minhas lembranças.
Sentado ao lado da janela, olhando as estrelas se extingüirem e quanto o sol nascia, parecia haver em mim apenas uma certeza: tanto a noite que morria aos poucos, quanto o dia que nascia, pareciam menos cinza do que os anteriores. Tinham cores mais vivas que o cinza-lápide, pois havia a felicidade de mais uma noite ter passado e de um outro dia que havia chegado.

Da série "estado crônico".

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