16 de janeiro de 2009

"estado crônico: horizonte cinza"

Dos horizontes pálidos de minha rotina, em meio ao concreto-lápide desses dias, eu via a necessidade de ser diferente. Não adiantava poucas mudanças, teria que ser drástico.

As fábricas, o concreto, o céu negro e tudo parecia tão igual a tudo. As lápides, a grama queimada, as flores mortas e minha certeza de que eu estava fadado a murchar em terras distantes de qualquer lampejo de certeza de que minhas escolhas foram corretas. Nada me tiraria a certeza de que todos ao redor eram pequenos e que em interagir com eles, assim eu também era. Ser grande é para poucos, ser exemplo é para alguns. Ser sozinho é recorrente.

O que mais me consumia era o fato de que as pessoas realmente acreditavam em mim quando professava as vantagens de mudar, de ser diferente, enquanto eu mesmo não acreditava e não conseguia ser além do que eu era. Simplesmente igual.

Então, peguei meus sonhos e fui ao mundo tentando mudá-lo. Tentando fazer dele um lugar melhor. O que encontrei foi algo tão podre que eu mesmo já era aquilo. Tentando mudar o mundo ao meu redor, tornei-me não mais do que um podre como o mundo todo. Não interessava se eu era jovem demais, capacitado demais, humano demais. Eu era apenas uma mancha que fazia parte de uma mancha maior. Um número de registro, uma foto no porta-retrato e, no fim, um nome em uma lápide.

E que o tempo ensine algo às almas que ainda passam por aqui.



Da série "estado crônico"

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