3 de março de 2009

"estado crônico: três iguais sozinhos"

Aqueles eram novos tempos, tempos estranhos para aquele grupo de amigos. Os três sentiam isso no ar, nas suas próprias vidas, nos seus próprios sonhos.

O primeiro deles, mais velho, exigia de si mesmo uma responsabilidade sobre-humana para que tudo estivesse em paz e harmonia. Era o líder, o forte, e o que havia ruído por dentro, mas não deixava que os outros dois soubessem. Quando se é a pedra basilar de um grupo, a solidão acaba sendo a maior companheira e a eterna maldição. Não se permitia mais sonhar. Afinal, “sonhos são só ilusões e nada mais”.

O segundo deles era carregava consigo a insegurança de todos eles. Arquitetava planos compreensíveis que eram sempre descartados pelos demais. Sentia-se um tolo alheio a tudo aquilo, mas não conseguia deixar de fazer parte daquilo tudo. “Antes só, do que realmente só!”


O terceiro brincava de caçar arco-íris sempre que possível. E isso acontecia o tempo todo. A despreocupação era latente e ao mesmo tempo, soava como liberdade aos seus olhos e ouvidos. Queria sentir-se vivo, pleno e, se possível, até eterno. Quando não conseguia, o primeiro o consolava, explicando que nem sempre se pode ser deus da própria vida (e falava com toda a pompa e circunstância de quem vivia plenamente suas próprias palavras). O segundo tentava ajudar, mas por mais que não dissesse uma palavra, por mais que suas atitudes nunca fossem lembradas no dia seguinte, ela sentia-se pleno assim, junto com os outros dois, como irmãos devem ser.

 

 Da série "estado crônico"


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