22 de setembro de 2011

estado crônico: uma pedra no rio

Às vezes, sinto-me uma pedra no leito de um rio. Como se fosse pesado demais para paisagem, permaneço estático, imóvel, enquanto o mundo parece extremamente fluídico em cada detalhe: como as nuvens que vagam pelos céus, cortadas por pássaros que gritam sua liberdade; como as águas que arrastam tudo com força pelo rio e que mesmo assim são vencidas pelos peixes que sobem a correnteza para se reproduzirem.
Sou o observador do mundo que muda, mas não me vejo em mudança. Sou o ponto que assiste a passagem de todos, sou o elemento deixado para trás.
Assim permaneço, mas noto que se não mudo é pela própria mudança que se opera no mundo, pois essa pedra no leito do rio de correnteza forte só se mantém limpa e sem limo porque o próprio rio trata de levar embora tudo que se agarraria em mim e é esse contato que me renova, mesmo sendo espectador do mundo dinâmico no qual me insiro.

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