28 de dezembro de 2011

estado crônico: um vaso e nada mais

Na mesa de canto da sala de minha mãe havia um vaso. Não era algo excepcional, alguns poderiam dizer que tinha seu charme, meio fora dos padrões, talvez. Não era comum, mas também nem tanto especial, um vaso apenas, o primeiro que ela teve.

Era um vaso decorativo, que até chamava atenção às vezes, mas se não chamasse, ela mesma fazia questão de exaltá-lo. Festejá-lo pela sua própria função, um ornamento.

Vez ou outra, alguém se encantava com aquele vaso na sala de minha mãe e sentado no sofá, começava a examiná-lo. Com um olhar mais acurado, apareciam pequenas deformidades que não poderiam ser vistas de longe. Dependendo do anglo, percebia-se que as imperfeiçoes eram apenas rachaduras, muito bem coladas.

Aquele vaso, já havia sido quebrado e, após um trabalho minucioso, havia sido colado. Pedaço por pedaço, caco por caco, minha mãe (que havia quebrado o vaso) tentava juntá-los e retomar a perfeição daquele ornamento, o que de certa forma justificava o fato de ela sempre chamar atenção para aquele vaso. Mostrar para na verdade esconder, afinal, quem liga para um vaso? Contudo, quebrado, colado ou inteiro, ele estava ali para ser visto, apreciado e esquecido, no canto da sala de minha mãe.

Taí porque as pessoas são assim...


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