2 de abril de 2012

estado crônico: morrer e nascer à tarde

Foi no fim da tarde de um domingo que morri um pouco, com lágrimas descendo pelo rosto e a sensação de que parte de mim ou do que eu fui, atravessaria o Atlântico e lá ficaria por bastante tempo.

As luzes amarelas do centro da cidade se misturavam às brancas e vermelhas dos carros e de dentro do meu e não me preocupava em esconder o rosto por estar chorando. Poucos foram os que me viram assim. Guardo meu choro para mim, só isso, mas naquele momento eu sabia que eu precisava daquelas lágrimas.

Depois de um tempo pelo mundo, vendo e vivendo os males de lidar diplomaticamente com tudo que diz respeito à vida profissional, você se torna duro e seco por fora. As porradas lhe farão engrossar, mas sabendo que tudo parece tão vil e corrupto, você amolece por dentro e o que fica guardado, acaba escondido e, futuramente, esquecido.

Luto para não esquecer que, em alguns momentos, amigos estudantes como eu acreditaram mais em mim do que professores ou eu mesmo. Alguns desses amigos me fizeram entender que havia uma hora e lugar para tudo; que quando ciclos se encerram, as feridas não deveriam estar devidamente cicatrizadas, mas o ar estaria mais leve, pronto para um novo começo; e principalmente, que devemos celebrar as vitórias (pois elas são conquistas e não meras etapas obrigatórias da vida que se escolheu) com quem amamos, com quem nos faz bem quando temos ao lado.

Que eu possa ter ao lado, todos que amo, quando minha próxima vitória despontar no horizonte, fazendo com que eu volte a viver, ressuscitando aquela pequena parte que morreu... Porque o sentimento, esse nunca morrerá!

***

da série "estado crônico"

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