23 de junho de 2012

Estado crônico: as horas

O relógio já passa da meia-noite e trinta, que é quando tudo sempre fica estranho. Essa hora da noite traz sempre uma sensação angustiante, seguida de um desejo irrefreável. Sempre que o relógio passa das 12, eu me pego acordado, perguntando-me: "por que devo dormir?".
Não quero mudar o mundo, não quero esbórnia toda noite. Eu só quero ficar acordado, ver um filme legal, ler um livro interessante, fotografar as luzes da cidade do lado de fora de minha janela. Eu quero mais, viver a plenitude de um tempo que não recuperarei. Aliás, já fui um tolo achando que perdia tempo ao dormir. Hoje, sei que o tempo é uma abstração, uma ideia, um elemento organizador de vidas.
No fim das contas, não é ele o vilão dessa história e sim, eu mesmo. Afinal, quem nunca conseguiu se encaixar direito na sociedade com suas 8 horas de sono em seus dias de 24 horas fui eu, um louco que vê na madrugada possibilidades, enquanto a maioria prefere dormir.
Pelo menos eu sei que não estou sozinho... que dancemos juntos até o raiar do dia...


Simplesmente, dance!
como se não houvesse amanhã
como se ninguém estivesse olhando
como se o mundo fosse perfeito
como se tudo ainda valesse a pena
como se os sonhos nascessem em árvores
como se as árvores não morressem

Dance!

como se a noite fosse um baile
como se as estrelas servissem de iluminação
como se ainda houvesse amor ao virar a esquina
como se fosse inútil crescer
como se o tempo não fosse cruel
como se o bem sempre vencesse

Dance!

como se trincheiras virassem festas
como se cada bala fosse só um doce
como se pudesse ouvir o som do mar de qualquer lugar do planeta
como se os muros não fossem tão altos
como se as velas não fossem tão pequenas
como se as portas nunca se fechassem

Dance!

como se as cortinas não barrassem o sol
como se a felicidade fosse táctil
como se ainda pudéssemos acreditar
como se nossa crença ainda nos sustentasse
como se o conhecimento fosse o caminho
como se a dança fizesse sentido

Dance!

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