12 de novembro de 2014

estado crônico: "estado de poesia"


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Um dia de semana, uma segunda-feira qualquer, uma noite como qualquer outra. Fones nos ouvidos, saindo do mercado, sacolas plásticas nas mãos e uma mureta a frente que acompanhava todo o caminho que deveria seguir. Uma nova música começa a tocar...

Uma agradável música, com um excelente refrão, daqueles grudentos, radiofônicos, falando sobre a lua, o sol, o romance, o verão. De repente, um chamado...

A baixa mureta me convida a ter menos de um terço de minha idade, convidando-me a subir nela em quase total desequilíbrio, mas não caio. As sacolas nas mãos me servem de suporte, os passos aceleram, diminuem, avançam, recuam em busca de equilíbrio. Um passo apressado em uma tentativa de não cair, não há sinal de vergonha, pois o mundo mudou...

Não havia mais grama. Pensava ver, à direita e à esquerda, não mais o chão a 40 centímetros. Havia larva, ou estacas fincadas no chão, ou um abismo negro. Havia cenários de filmes aventurescos de tardes ociosas em frente à TV. Com toda perícia que ainda me sobra, chego ao final da mureta. Tal qual um saltimbanco, um rápido pulo, quase pedindo para uma plateia imaginária os aplausos que merecia, com os braços ligeiramente erguidos, ainda carregando as sacolas e sorrindo da travessura. Um sorriso leve e sincero de quem ainda não morreu ou se entregou. Estou vivo...

Olho para uma das sacolas e lembro, aflito, dos ovos que estavam lá dentro, matando o sorriso, mas não importa, pois a mureta ainda está lá, pronta para ser revisitada em uma próxima aventura irresponsavelmente cuidadosa.

***

da série "estado crônico"

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