17 de junho de 2008

Estranho estrangeiro e de volta...

Aqui, em meio a essas chuvas tropicais, que mais abafam do que esfriam e de ventos mornos, eu permaneço deitado de mangas compridas, como se elas pudessem proteger meus braços, mas não podem. Eles estão mortos: cansados e queimados pelo frio de outrora e o calor de agora. 
Além do clima, a mudança na rotina: o fim da correria para cumprir horários, precedidos por um acordar preguiçoso que exigia muito mais do que força de vontade para se fazer levantar. Talvez eu seja inquieto demais para permanecer em um canto só, mas naqueles dias, eu desejava apenas não ser outro e não estar em outro lugar, pois se podemos encontrar o nosso “lar” em qualquer parte ou pessoa, eu estava feliz algo que em outro momento faria com que me sentisse deslocado: um estranho estrangeiro. 
Agora, somente chuvas quentes que servem para aquecer um espírito inflamado de vontade de não ser mais um contrário a rotina. Tenho que estabelecer a minha, como uma velha fábrica que volta a funcionar. Tenho que me organizar a partir de meus meios de produção e chegar a um ponto que ainda me parece mais enevoado do que a capital londrina. Max Gunther falou que não se deve pensar a longo prazo, ou pelo menos não planejar utilizando-se desse espaço de tempo. Concordo e não uso, pois mal percebo o que pode vir a ser a semana seguinte e além disso, ainda me surpreendo com as coisas que acontecem no desenrolar dos dias. Queria que o nevoeiro passasse e me visse, meses mais tardes com minhas metas cumpridas, mas nada disso passa de um desejo, que eu e minha camisa de mangas compridas teremos de criar a partir de uma rotina solitária. Solitário, mas não sozinho, já que ao redor existem pessoas com suas vidas e pedi-las um pouco de atenção, dividir com elas meus fardos me soa injusto, elas não têm que carregá-los comigo. Elas estão por aí, iguais mas diferentes. Mesmas pessoas que só me parecem mais frias. 
Então, aqui estou de novo, de volta, contudo completamente diferente e aprendendo com elas a ser indiferente. Meu desejo? Que as chuvas quentes aqueçam seus corações, porque eu desisti de acreditar que elas pudessem mudar.

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