10 de junho de 2008

Poderia...

Poderia por horas divagar em solidão sobre o seu efeito. Tentar desvendá-la pelos olhos. Perceber que no fim das contas tudo está perdido, que todos somos os amantes solitários de Huxley e que em vão, buscaremos uma transcendentalidade incoerente para os dias de sol forte ou mesmo os de chuvas torrenciais.

Poderia ser mais um a exaltar os que nascem ou mesmo dialogar com a morte, mas ao fim da noite, ou do século, só o que deveria interessar é o que se encaminha: a jornada, nunca apenas o destino.

Poderia me fingir de louco para tentar ser são. Poderia fingir ser sério para parecer mais velho e com isso ser levado a sério por pessoas que se eu parar para pensar vou perceber que pouco me importam.

Poderia rasgar livros profanos, profanar livros sacros, jogar ícones do décimo andar... ou tv’s... ou crianças... ou a solidão. Não, essa última nunca iria tão fácil!

Poderia brincar de ser muitos, constituir meus grupos e criar intrigas entre eles, só para ver amizades morrerem, mas seria difícil parar de falar comigo mesmo, quando só eu consigo ficar ao meu lado em noites como essas, tão cheias de luz que juro ser dia, ou talvez sejam... poderiam ser até...

Poderia ser um gigante, um colosso, um titã, mas eu teria que ser realmente grande. Maior que a vida, talvez? Não, talvez menor que os dias, as horas, os segundos que precedem um beijo, ou algo assim.

Poderia gritar por ajuda e talvez ouvissem, talvez cantassem tapando os ouvidos para não me ouvirem. Talvez fosse melhor eu parar. Sim, eu poderia parar, pois ao olhar para trás, ao pensar no legado que herdamos e no futuro que construímos, ao implorar por bonanças quando só se tem borrascas, surge-me um único pensamento: todo mundo mente!

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