30 de junho de 2008

O Vento e a Noite.

No caos diário em que vivemos, aprendi a amar a noite como se eu fosse parte dela. Ela quase sempre me acalmou em momentos de angústia. Nos que não pode me acalmar, ao menos me deu abrigo, se fez presente comigo e me abraçou com suas asas, sussurrando que eu não estava sozinho.

A noite se fez amiga e eterna a cada fechar de olhos. Das janelas escancaradas, eu deixava que o vento tocasse meu rosto, de olhos fechados, para sentir a paz que ele me trazia, como se fosse a voz da noite. Meus únicos companheiros sempre foram o vento e a noite.

Quando passei a tê-los em meu quarto, a me fazerem companhia, percebi que somente juntos eles faziam sentido. Toda noite, quando ela começava a morrer, parecia que o vento sentia e se tornava mais frio, mais triste, assistindo ao fim de sua companheira. Ele também soprava frio, nas noite tórridas desse lado do planeta, para aquietar o espírito inflamado dela. Eles eram cúmplices, amigos, amantes e sempre me faziam companhia, quando eu fugia do caos e me refugiava nos braços dela, como uma criança sendo ninada em seu colo e com o vento a acariciar meus cabelos, lembrando-me que sempre se pode achar esperança para lutar se não fora, dentro de si.

O vento e a noite foram meus pais: eles me ninaram e me puseram pra dormir tantas vezes, que hoje, só eles ainda estão aqui a cuidar de mim, enquanto todos dormem.

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