O tempo voava empurrando os raios de sol que passavam pelas frestas das janelas de seu quarto que nunca haviam sido abertas, mas isso acontecia lá fora. Dentro do quarto, o tempo era apenas estagnação, incertezas, e uma mistura de preguiça e cansaço. Levantar da cama doía e era por isso que lavava o rosto sempre que saía dela. Não que fosse uma vitória da preguiça, mas aquele cansaço eterno parecia consolidado, dentro do quarto. Na verdade, por vezes ele foi a única companhia.
Então, lavou o rosto pela quarta vez, vestiu-se e saiu para comer algo, com a certeza de que a vida lá fora não era justa por ser tão rápida. Contudo, encarar o mundo em toda a sua megalomania era aceitar também que ser uma pessoa a mais no meio dessa multidão sem rosto podia não ser tão glorioso, mas desse modo, ninguém repararia o que havia de errado na sua vida ou no seu corpo.