28 de agosto de 2008

"Puoi dirgli addio, Clio!"

"Dante e Virgílio à frente dos portões do Inferno"
Ilustração de William Blake

"
Lasciate ogne speranza, voi ch'intrate."
Sei que a inscrição se refere ao caminho tortuoso do inferno, à frente, mas talvez fosse só mais um prelúdio da vida, um aviso de Dante para aqueles que perambulam sozinhos pelo mundo. Abandonar a esperança, mesmo não sendo uma opção, lembra-me Bukowski e seu “don’t try” sepulcral, mas afinal, como seguir se o caminho se bifurca e não temos um mapa? Se as pedras nos derrubam ao caminharmos através das alamedas esquecidas pelo tempo? Como seguir se o caminho sequer abriu-se ainda?
Lápide de Bukowski

Nunca escrevi por elogios, muito menos para inspirar pena naqueles que lessem, mas saibam que escrever é um martírio, pelo menos para mim. Ao por idéias no papel, eu costumo me doar tanto que me parece faltar um pedaço, ao fim do trabalho. Escrevo, não por ser bom (acredito não ser na maioria do tempo), mas por precisar. Então, vêm as críticas, fundamentadas ou não, e mesmo essas não me derrubam. O que me derruba sou eu mesmo. Sempre foi assim, não adianta buscar outras respostas. Sou o tolo que insiste em minha própria teimosia na tentativa de ser alguém (que sinceramente, mesmo nessa altura da vida, não sei se quero ser ou mesmo se sou capaz de ser).

Escrevo pela fuga de uma vida medíocre, pelo sonho de imaginar algo melhor, ou pior, quando convém. Escrevo para ser lido (obviamente), mas também para expurgar essa parte de mim que precisa ser exorcizada, demônios de outrora que insistem em dizer “você não pode”, enquanto rechaço, rindo de suas pretensões, “eu nem tentei ainda!”.

P.S.: Desculpem, pelo desabafo. Só não queria morrer com esse câncer dentro de mim.

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