As noites são cada vez mais quentes essa época do ano. Não há janela aberta que resolva esse calor do nosso natal tropical. Tudo se acumula em uma nuvem densa de calor que insiste em não ir embora, assim meu corpo gelado de suor rola na cama na eterna batalha contra a insônia.
Várias foram as vezes que desisti de dormir. Consumi músicas, filmes, textos, tudo que pudesse me fazer acreditar que não estaria acordado para ver o sol nascer mais uma vez.
Apesar de todas as tentativas de abraçar o sono, sempre há uma gota de suor que toca meus olhos, fazendo-os quase sangrar. Sempre existe uma música para ser ouvida, que a noite, como uma entidade, pede para ser tocada. Alias, o espírito quase toca a liberdade em noites quentes como estas, quase como se tentasse largar o corpo para trás, mas espíritos são feitos de pensamentos, vontades. Assim, entre não dormir, tentar viver, ou de uma hora ou outra, desmaiar de sono, prefiro a segunda opção, pois dessa forma, posso reciclar meus sonhos e se há algo que ainda me faz acreditar no mundo é a simples capacidade de sonhar.
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Da série "estado crônico"
Dedicado a Iran Monte.
