1 de outubro de 2011

estado crônico: a tempestade

Imagine uma tempestade. Uma grande tempestade tropical, daquelas que arrancam árvores e fazem as marés enlouquecerem. Sabendo que o medo causado por esse tipo de tempestade é proporcionalmente inverso ao grau de segurança onde você se encontra, imagine que você está em uma pequena cabana no Pacífico quando essa imensa tempestade chegou.

Não há como fugir. Você terá que ficar lá, sozinho. Os ventos aumentam, zumbindo por entre as frestas das janelas. A temperatura cai, você não tem agasalhos suficientes. Então, o mundo vem a baixo em pancadas no teto anunciando a chuva torrencial.

Sabendo da sua reclusão forçada, o medo vai lhe tomando de assalto, dominando cada pelo de seu corpo. Você diminui, murcha, encolhe e, no canto do quarto, sentado no chão, abraça os joelhos, baixa a cabeça e entra em uma espécie de transe, dentro de si mesmo.

Tudo que é conhecido está sendo destruído lá fora, mas você ainda sobrevive, talvez diferente de antes da tempestade, ainda assim, mantendo a essência.

***

Quem nunca passou por isso, não é?

***

da série "estado crônico"

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