7 de junho de 2011

"...e em tom de despedida"

Sentei à frente da tela em branco para escrever um dos textos mais difíceis que já escrevi.

Uma música pode ajudar, então “No such thing” do Mr. Mayer. Às vezes acho que o shuffle do meu PC realmente me conhece. Ele me emociona com cada escolha que é um absurdo... mas não era esse o assunto. Esse texto é para ser sobre outra coisa.

Há tempos estive por entre os muros dessa escola, sendo aluno, sendo inconsequente, sendo feliz por cada coisa certa e/ou errada que fazia. Corri feito um louco várias vezes para ir jogar bola, para encontrar amigos, amores juvenis. Gritei feito um louco por diversas vezes, nem sempre de forma muito racional. Eu já tive essa escola como meu lar, como um local que complementava tudo que por algum motivo faltava em casa... sabe como é, pais ausentes, projeção de figura paterna nos professores, nada muito diferente do que acontece hoje em dia, e olha que estamos falando de 15, 20 anos atrás.

Nessa segunda vez que estive por essa escola, agora como professor, redescobri o amor que eu tinha por essa instituição. Revivi relações com figuras que foram meus professores e que virariam colegas de trabalho. Cheguei a me aborrecer várias vezes com coisas menores, mas nada matava uma visão romântica que eu tinha da instituição.

Talvez se torne necessário definir o que é instituição. Para mim, além dos espaços físicos, todos os elementos que fazem valer a pena cada dia e gota de suor derramado em sala de aula. Cada um desses elementos que carrega um mundo de angustias, incertezas e, por incrível que pareça, insatisfações a respeito da condição humana. Sei que é clichê, mas eu realmente aprendi com muito de meus alunos o quanto a vida não deve ser séria o tempo todo, que ter responsabilidades é necessário, que cumpri-las é obrigatório, mas que cada piada deve ser feita, por pior que possa parecer, pois ainda sorrimos, em meio a notas não tão altas em matemática e suspensões por chegar atrasado do recreio.

Somos todos tolos, pois vejo esses moleques sentados olhando para mim, achando que tenho todas as respostas do mundo, quando na verdade, nem sei se fiz as perguntas certas. Também, acredito nesses moleques, na pura utopia de que eles podem fazer a diferença como eu (acho) que fiz. Não ensinei nada a eles. Tentei fazê-los pessoas melhores, e olha que eu sequer sei se sou uma boa pessoa...

Então, nessa despedida, assumo meu egoísmo e guardo minhas lágrimas para mim. Já as dei demais a cada de meus alunos, agora é hora deles buscarem suas próprias lágrimas e alegrias, pois eu estarei não tão perto quanto gostaria, mas parte do que fui ainda permanecerá ecoando como meus gritos de outrora pelas paredes dessa escola que já chamei, por duas vezes, de lar.


...em nome dos corredores desertos...

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