15 de agosto de 2008

"palavras"

"City of Words" de Vito Acconci
Nós as usamos o dia todo. Faladas, escritas ou pensadas, as palavras concretizam idéias, formam representações de até uma vida toda e existem, pelo simples prazer que o ser humano tem de conceber um estado de comunicação (ou não) entre outros da mesma espécie.

Crianças fazem seus pais orgulhosos quando balbuciam suas primeiras palavras. Líderes fazem massas emocionadas não conterem suas lágrimas com seus discursos acalorados em tempo de crise. Astronautas no espaço utilizam-nas em vão para descrever as imagens que se formam lá fora. Nada mais comum, nada mais simples, apenas palavras.

Quando se tratam de palavras escritas, aquelas que tentam esboçar idéias, formulam sentenças e, mais vezes do que deveria, agridem seus receptores, estas são apenas um elemento de nosso cotidiano, mas esse pequeno elemento traz à tona sentimentos que podem parecer profundos. Profundos a princípio, mas nada mais do que palavras.

Engula suas palavras, morra com elas e relegue-se ao esquecimento. Encontre um modo de registrá-las e torne-se eterno, mas para quê? A eternidade das palavras não carregará em si a profundidade das idéias, a não ser que você seja um grande mestre da literatura e ninguém aqui é.

Vejo crianças repetindo “eu te amo” o tempo todo. Não que seja um sentimentalóide imbecil que acredita que não se deve repetir isso até ter certeza do que se está falando. Não! O que me incomoda é que ao usarem palavras de modo tão relapso, essas crianças esquecem o que elas são: são meios para um fim. Elas são caminhos inertes de um falso regozijo. Elas não são nada além de palavras, pois no fim das contas, palavras nunca substituirão um expressivo abraço, um leve toque entre lábios apaixonados ou, até mesmo, um simples aperto de mão.

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