Não sou antropólogo, apesar da minha formação e leituras passarem perto várias vezes. Mesmo assim, sempre pensei a vida através de “rituais”: cotidianos, exclusivos, gerais, coletivos. Não importa o formato, vivemos em uma sociedade que o significado dos símbolos que nos rodeiam se perdem por repetirmos esses rituais sem notarmos sua essência.
Por isso, sou um ritualista. Vejo o mundo através de rituais e tento entender os símbolos que passam por eles. Alianças, casamento; tatuagens, viagens; sexo, orgasmo. Não importa cada momento estou inserido em um ritual e não me incomodo nem um pouco com isso.
Já quis fazer tatuagens por estar em viagens, já comecei a ler livros por causa de um momento de minha vida, já me casei e nisso entendi que cada elemento daquele ritual carregava símbolos tão antigos quanto o homem.
Ao mesmo tempo, eu entendo que os rituais são cíclicos. Veja bem, não digo que a História é cíclica, mas os rituais têm um pouco disso. Alguns chamam de fases da vida, eu chamo de rituais, só isso.
Dentro dessa lógica entendo que os ciclos, fases e rituais terminam um momento. Pois todo processo se inicia e se encerra, independente da vontade de cada um de nós. Esses ciclos/rituais/processos sempre se encerram, seja como resultados de nossas escolhas, seja por elementos externos. Uma hora o ciclo se fecha e no fim dele, ninguém consegue ser o mesmo quando do início. Todos mudam (de algum modo, para além do maniqueísmo) e isso fica marcado na alma de cada ser vivente. Somos filhos desses rituais, eles nos constroem juntamente com cada uma de nossas escolhas.
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Closing Time - Semisonic