A noite é repleta de corações solitários. Partidos, perdidos, cansados, eles estão pelos quatro cantos dessa cidade escura, de parca luz amarelada. Eles povoam canções sobre as distâncias, atravessam refrões em baladas solitárias e acham repouso nas lágrimas que o travesseiro esconde.
A noite é o berço da dor e do silêncio. Corações assustados por pássaros noturnos e seus cantos abissais, cães e seus latidos e uivos, carros e sirenes ao longe. Corações que já não sabem o caminho a seguir (e afinal, quem sabe?), mas que carregam a certeza de que não mais pertencem a lugar algum. Nem ao peito, nem à alma.
Talvez à poesia, pois a noite é solitária e os poemas precisam de silêncio.