Venho escrevendo canções que farão parte de um EP, provavelmente intitulado "vizinhança".
Essas canções são reflexos de minha relação com lugares/pessoas/sentimentos que frequentei/amei/vivenciei desde minha chegada em Fortaleza, ainda na primeira infância, até a adolescência.
A canção que fecharia o EP, infelizmente, não pude gravar para a data de hoje, em nome do aniversário da Fortaleza, mas, mesmo como poesia, fica minha homenagem à cidade que me habita:
("Fortaleza em azul e amarelo", acervo pessoal)
Fortaleza
Dentre várias, ainda és bela
Das altas castas, pelas favelas
O mar te toca, o sol descansa
de longe eu vejo, como uma criança
E finda o dia, uma boa sorte!
Sopra a brisa, através do forte
És desigual, como tantas são
Fragmentada, sem perdão
Teus gigantes podem nem ser tão grandes
Mas ainda assim rasgam os céus
Entre o amor com o qual me abraças
e o ódio por não te ter
Pela tua parte que nos ataca
E ainda finge que nem vê
Mesmo em sinais, muros e calçadas
Onde se acha poesia
Obriga a gente a ser mais forte
Para te aguentar por mais um dia
Em tuas vias um cortejo motorizado
cadenciado, com engravatados
Jovens faces sujas lhe estendem a mão
Em nome da cola, em nome do pão
Chuvas de março, calor de outubro
A insegurança, em becos escuros
Cores que nunca vencem o cinza
Mas ainda há verde, em resistência
O mar colore a vista da periferia à beira-mar
O mar é fuga e salvação
Entre o amor com o qual me abraças
e o ódio por não te ter
Pela tua parte que nos ataca
E ainda finge que nem vê
Mesmo em sinais, muros e calçadas
Onde se acha poesia
Obriga a gente a ser mais forte
Para te aguentar por mais um dia